Não dá para afirmar que tudo mudará radicalmente, mas é possível perceber um legado consistente deixado pelo comportamento do público com a crise causada pelo novo coronavírus. Algumas mudanças já podem ser percebidas e aproveitadas. E é sobre isso que veremos agora.
As marcas, por exemplo, se viram na obrigação de demonstrar uma postura de solidariedade, compreensão e tolerância pela vida das pessoas. Isso foi tão bem recebido, que voltar com as narrativas de venda anteriores pode afetar a humanização conquistada.
O espaço das marcas como auxiliares na manutenção da sociedade ficou mais evidente com o engajamento socioambiental e as estratégias de relacionamento. Quem fez a diferença social, se mostrando útil na vida das pessoas, não quer ter este mérito esquecido.
Em outras palavras, a maior mudança na atividade das marcas não está focada somente na adaptação do produto, do serviço ou da mídia. A questão se baseia no relacionamento com o público. Na tentativa de manter consumidores satisfeitos, a maioria dos negócios já repensa as prioridades dos investimentos e das estratégias de comunicação.
De um lado, o marketing erra ao não inovar; do outro, pode errar também, se inovar equivocadamente. Por conta desse dilema, é importante observar como achar seus próprios caminhos após a crise. Afinal, bons e os maus momentos sempre vão existir. O que nos resta é encontrar oportunidades de adaptação às demandas do mercado.
Todo mundo em casa e conectado
Com as pessoas em casa, a busca por compras e serviços digitais disparou. Segundo a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), algumas lojas virtuais registraram excelentes níveis de crescimento.
O varejo se pendurou com força na comunicação on-line, agregando novos usuários ao e-commerce e aplicativos de entrega em domicílio. A tendência é que este hábito permaneça como algo convencional. Isso significa que esse consumidor precisará se manter ativo e estimulado, abrindo mais margens de trabalho com marketing.
Milhares de empresas e autônomos passaram a trabalhar em home office, algo que desmitificou a ineficiência do formato. O mesmo efeito positivo se deu sobre a educação, com o formato EaD (Educação a Distância) e, até mesmo, com a medicina, por meio da telemedicina.
Essa maior aceitação dos formatos digitais influenciou (e influenciará) cada vez mais o destino do mercado.
Artistas e influenciadores produziram lives em diferentes plataformas, criando entretenimento gratuito em tempo real. Este movimento foi aclamado e já está na mira das mais variadas estratégias comerciais. Paralelo a isso, os serviços de streaming ganharam espaço na rotina das pessoas.
Estas mudanças de comportamento sugerem um aumento na demanda e nas verbas de marketing digital com novas – e empolgantes – possibilidades publicitárias.
O mundo digital não é mais uma alternativa. É uma realidade necessária.
Quem deixou para implantar as ferramentas digitais somente agora, pode sentir mais dificuldades para se adaptar aos novos contextos e demandas. Ou seja, esse delay na onda da transformação digital pode ser um problema.
Nesse momento, é preciso mudar as mensagens e adaptar o conteúdo para responder rapidamente, de modo a oferecer um marketing personalizado. Isso significa produção criativa de conteúdo, em conta um perfil mais exigente de usuários, em busca de uma experiência mais rica.
As relações comerciais e de consumo provavelmente não serão como antes. A principal mudança se dará no relacionamento com públicos internos e externos, porque a melhor maneira de se manter relevante dentro do famigerado “novo normal” é conhecê-los o mais profundamente possível.
É saber os seus gostos, seus sonhos, quem o influencia. É verificar o momento certo para posicionar uma oferta ou uma cobrança. Estando todos mais rápidos, será imprescindível a perspicácia para identificar concorrentes e agir primeiro que eles nas ações de marketing dos próximos anos.
O legado da pandemia não será passageiro
Resumidamente, a maioria dos novos hábitos, facilidades e transformações que se consolidaram no comportamento das pessoas, veio para ficar. E dificilmente será revertida.
Agora, que já se experimenta de um modelo prático, o consumidor gostou e espera mais disso, como se viu nas compras, nas consultas médicas, na educação e no trabalho on-line.
No fundo, todos esperam que a qualidade do meio digital compense a toda falta de interação física, lembrando que a presença digital não é estar em todas as mídias, mas estar onde é mais relevante para a sua audiência.
Futuramente, as dúvidas vão passar. E todos se beneficiarão dos desafios superados. A única previsão certa é que o posicionamento digital será a principal forma de estar presente na vida do público.